Acredito que meu rigor venha do lugar da 'Paula psicóloga', que é inevitável pra mim. Porém também já havia me incomodado com sua escrita em 'a louca da casa', que é mais antigo mas parte de argumentos muito parecidos, sabe? Tô tentando entender o que foi que 'pegou' nas pessoas que amaram o livro, ainda está muito confuso pra mim... Obrigada por compartilhar sua Leitura. 😘
Tu sabes que eu li esse livro e gostei. Acho que pela idade dela e por ela ser mulher, eu fui menos rigorosa nas partes que considerei o que ela escreveu uma total banalização da saúde mental mas, considerando o ano de publicação, é preocupante talvez.
Eu não tinha sido tão crítica e pesquisado mais sobre o livro até ler teu post. Obrigada!
Eu acho que é tipo a terceira resenha desse livro que eu leio esse semestre, e a não ser que a galera tenha um clube do livro secreto, eu acho isso um indicativo muito forte do quanto ele está conquistando leitores... e pior ainda, o imaginário popular. Nenhuma das resenhas que eu vi mencionava essa questão do julgamento e valor negativo sobre as mulheres, e francamente isso me <cansa> de um jeito que eu não sei mais lidar. Eu me pergunto se eu sou motivada o suficiente pela birra pra escrever uma novela onde seja exatamente o contrário ("o triste miserável vizinho homem e a energética e ativa professora de álgebra" são personagens que veem a mente), e se alguém repararia.
A Missy do Depósito de Neuroses chegou a falar sobre essa glamourização da loucura, e que não era muito legal, mas (que eu me lembre) encontrou algum outro ponto positivo e acabou não fazendo uma crítica muito dura, mas pra mim já colocou em <alerta vermelho>. Admito que parte desse alerta vermelho vem de uma experiência pessoal que eu ainda não terminei de prpcessar: eu com três romances engavetados e começando a acumular aprticipações em antologias, e um primo falando sobre o meu irmão, que nunca concluiu um projeto: "ele não consegue ter rotina pq essa é uma característica das pessoas muito criativas". Na minha frente. Eu, escritora, mas meu irmão, "artista". A falta de prumo na vida dele não é criatividade, é transtorno borderline (estão quase fechando o diagnóstico, naquela época não estavam nem perto) e impede ele de cuidar da própria saúde física (ele tem diabetes e naquela época passava metade do tempo convulcionando). E agora isso me fez pensar se além de glamourização do "artista louco miserável infeliz" isso também não é porque meu irmão é homem, e agora eu tenho mais uma coisa pra levar pra terapia kkkkrying.
Meu olhar para esse livro foi bem diferente do seu (tem resenha na coluna do Uol). É sempre bom ver outras perspectivas de leitura. Compartilhe suas críticas mesmo (ou principalmente) se for para dar umas bordoadas bem argumentadas, Paula. Não ligue para eventuais melindres e chiliques de quem pensa que literatura é só oba oba :)
Alguém já havia me sinalizado algumas restrições em relação ao livro resenhado, mas ler suas críticas reforçou minha impressão de que este livro não faria bem à minha saúde mental. Confesso que fiquei tão chocado que não consegui terminar de ler a resenha. Mas agradeço porque, quando alguém escreve uma crítica tão cuidadosa quanto a sua, de certa forma isto é um gesto de cuidado também em relação a seus seguidores. Curti a referência a livros sobre criatividade; "Roube como um artista" eu já li (e gostei tanto que comprei outros livros do autor), vou pesquisar sobre os outros assim que possível. E, se me permite uma indicação, estou gostando muito de ler "A obrigação de ser genial", de Betina Gonzalez. Tenha um excelente fim de semana.
Eu adorei sua crítica. Vc sabe que eu gostei do livro e ele, de alguma forma, ressoou forte porque me conectou com um passado que eu tinha me esquecido - como ter perdido uma irmã mais nova ainda bebê e a mais velha que saiu de casa aos 14 anos porque engravidou. Não sei o que rolou, mas a leitura me conectou com traumas que parecia que eu não tinha ciência deles, mas a leitura os revelou e trouxe um entendimento profundo sobre mim. Talvez tenha sido esse o ponto que tenha feito eu gostar do livro: a cura. É mágico quando uma leitura é capaz disso. Mas me distanciando da minha experiência pessoal, concordo bastante com sua crítica, mas deixei a minha de lado ao ler. Concordo que a história da Bárbara poderia ter dado um outro livro (provavelmente melhor), pq essa história realmente ficou bem desencaixada do restante. 😘
Acho que a Bárbara foi uma tentativa de dobradinha como em 'A ridícula ideia', mas que aqui funcionou mal, ficou perdida e em alguns momentos até cringe, rs. A gente nunca sabe o que vai encontrar de nós nos livros né? Isso é muito mágico e assustador. Que bom que ele te trouxe contato com algo importante pra você e que isso tbm a tenha feito visitar um lugar de cura. Fiquei meio revoltada tb nessa parte sobre os bebês substitutos, sou uma filha arco-íris (que nasce após um aborto) & acho que as inferências dela foram muito duras pq ninguém substitui ninguém. Nem sei se ela é mãe, aí não quis entrar nesse buraco e inferir coisas sobre a vida dela, hehe. Obrigada por compartilhar suas impressões 😘
Ana, eu só fui ler porque o tema me intrigou (pela profissão) e porque uma amiga que odiou me deu o exemplar dela. O hype é real e ainda não entendi muito porquê... Tbm encontrei pontos decentes, mas preferi não dar holofotes pq é a menor parte do livro mesmo. Espero que seus romances saiam da gaveta e que vc encontre paz no seu processo. 🌸🌹♥️
Estou lendo e entendendo completamente seu desconforto, para dizer o mínimo. A linguagem que ela usa é de uma irresponsabilidade e banalização totais do sofrimento psíquico (maluco, doido, destrambelhado e por aí vai), além do ar de glória que ela imprime ao texto por ver "corretas" suas teorias anteriores sobre a relação criatividade-loucura (fonte? Não foi preciso). Também se vangloria de sofrer transtorno mental com uma alegria que não consigo compreender, pois, enfim, vc conhece um pouco da minha história e pode imaginar o quão terrível isso me soa. Ela me passa uma soberba e uma vaidade infinitas nesta obra, uma egotrip interminável, e uma língua ferina que explicitamente se alegra em falar mal de outras pessoas, o que me incomoda bastante. Ela não quer apontar fatos e compreender, quer julgar. Quer dar um ar de "conversinha fiada" à sua narrativa, e isso depois de declarar que não gosta de relatos autobiográficos, mas não parar de falar sobre si mesma!
Paula, sobre pessoas altamente sensíveis: você sugere que Rosa não indicou evidências científicas ou que as evidências científicas não existem? Pergunto porque levo a sério os estudos conduzidos pela Elaine Aron e, portanto, gostaria de saber se você enquanto psicóloga também.
Olha, essa foi a única referência que encontrei, mas ainda assim de um livro não científico (o Best seller dela). Não achei artigos científicos nem em inglês nem em português sobre esse 'diagnóstico'. Por isso afirmei sobre não ter evidência científica...
Paula, minha opinião sobre o livro está bem alinhada com a sua. Passei a leitura toda sentindo aquele desconforto de quando uma amiga faz um comentário absurdo e você fica sem jeito de dar um toque porque estamos numa roda com outras pessoas, sabe? Meio constrangedor. Foi meu primeiro contato com Rosa. De imediato já não me desceu o ponto de vista machista... em particular quando ela chega a quase defender o Ted Hughes porque "no fundo Sylvia Plath era meio chiliquenta". Continuei porque queria dar uma chance, acreditei que melhoraria. Ela parece se empenhar demaais para comprovar que não existe arte sem desgraçamento mental. Tudo isso para chegar na última parte e nos dizer que apesar de todos os agouros a vida é linda, e olha como ser artista pode ser legal e render histórias peculiares como a de Bárbara? A narrativa não se sustenta e é muito irresponsável. Tem partes legais, mas no geral me causou mais incômodo do que qualquer outra coisa :(
eu estava curiosa com o que vc teria a dizer sobre o livro e, na verdade, foi bem o que imaginei. eu escutei o audiolivro narrado pela rosa montero sabendo que, se fosse uma leitura olho-no-papel, também não conseguiria relevar muitos desses pontos que vc colocou no texto, principalmente o elo frágil entre loucura e criatividade que ela faz de uma forma tão superficial (e, sim, irresponsável)... todos os comentários dela sobre nanismo também quase me fizeram desistir do livro (é nesse que ela comenta sobre a cisma dela, né?).
É nesse e também no 'A louca da casa'. Anotei para escrever sobre isso, mas li e reli e não cheguei a conclusão se ela se refere ao seres mágicos da fantasia ou se a referência é as pessoas com nanismo. De qualquer modo, também me incomodou demais... Ela apresenta outros capacitismos bizarros, como na história da falsaria intérprete de língua de sinais.
Acredito que meu rigor venha do lugar da 'Paula psicóloga', que é inevitável pra mim. Porém também já havia me incomodado com sua escrita em 'a louca da casa', que é mais antigo mas parte de argumentos muito parecidos, sabe? Tô tentando entender o que foi que 'pegou' nas pessoas que amaram o livro, ainda está muito confuso pra mim... Obrigada por compartilhar sua Leitura. 😘
Tu sabes que eu li esse livro e gostei. Acho que pela idade dela e por ela ser mulher, eu fui menos rigorosa nas partes que considerei o que ela escreveu uma total banalização da saúde mental mas, considerando o ano de publicação, é preocupante talvez.
Eu não tinha sido tão crítica e pesquisado mais sobre o livro até ler teu post. Obrigada!
Eu acho que é tipo a terceira resenha desse livro que eu leio esse semestre, e a não ser que a galera tenha um clube do livro secreto, eu acho isso um indicativo muito forte do quanto ele está conquistando leitores... e pior ainda, o imaginário popular. Nenhuma das resenhas que eu vi mencionava essa questão do julgamento e valor negativo sobre as mulheres, e francamente isso me <cansa> de um jeito que eu não sei mais lidar. Eu me pergunto se eu sou motivada o suficiente pela birra pra escrever uma novela onde seja exatamente o contrário ("o triste miserável vizinho homem e a energética e ativa professora de álgebra" são personagens que veem a mente), e se alguém repararia.
A Missy do Depósito de Neuroses chegou a falar sobre essa glamourização da loucura, e que não era muito legal, mas (que eu me lembre) encontrou algum outro ponto positivo e acabou não fazendo uma crítica muito dura, mas pra mim já colocou em <alerta vermelho>. Admito que parte desse alerta vermelho vem de uma experiência pessoal que eu ainda não terminei de prpcessar: eu com três romances engavetados e começando a acumular aprticipações em antologias, e um primo falando sobre o meu irmão, que nunca concluiu um projeto: "ele não consegue ter rotina pq essa é uma característica das pessoas muito criativas". Na minha frente. Eu, escritora, mas meu irmão, "artista". A falta de prumo na vida dele não é criatividade, é transtorno borderline (estão quase fechando o diagnóstico, naquela época não estavam nem perto) e impede ele de cuidar da própria saúde física (ele tem diabetes e naquela época passava metade do tempo convulcionando). E agora isso me fez pensar se além de glamourização do "artista louco miserável infeliz" isso também não é porque meu irmão é homem, e agora eu tenho mais uma coisa pra levar pra terapia kkkkrying.
Meu olhar para esse livro foi bem diferente do seu (tem resenha na coluna do Uol). É sempre bom ver outras perspectivas de leitura. Compartilhe suas críticas mesmo (ou principalmente) se for para dar umas bordoadas bem argumentadas, Paula. Não ligue para eventuais melindres e chiliques de quem pensa que literatura é só oba oba :)
Vou caçar sua resenha. E obrigada pela força!
Alguém já havia me sinalizado algumas restrições em relação ao livro resenhado, mas ler suas críticas reforçou minha impressão de que este livro não faria bem à minha saúde mental. Confesso que fiquei tão chocado que não consegui terminar de ler a resenha. Mas agradeço porque, quando alguém escreve uma crítica tão cuidadosa quanto a sua, de certa forma isto é um gesto de cuidado também em relação a seus seguidores. Curti a referência a livros sobre criatividade; "Roube como um artista" eu já li (e gostei tanto que comprei outros livros do autor), vou pesquisar sobre os outros assim que possível. E, se me permite uma indicação, estou gostando muito de ler "A obrigação de ser genial", de Betina Gonzalez. Tenha um excelente fim de semana.
Eu adorei sua crítica. Vc sabe que eu gostei do livro e ele, de alguma forma, ressoou forte porque me conectou com um passado que eu tinha me esquecido - como ter perdido uma irmã mais nova ainda bebê e a mais velha que saiu de casa aos 14 anos porque engravidou. Não sei o que rolou, mas a leitura me conectou com traumas que parecia que eu não tinha ciência deles, mas a leitura os revelou e trouxe um entendimento profundo sobre mim. Talvez tenha sido esse o ponto que tenha feito eu gostar do livro: a cura. É mágico quando uma leitura é capaz disso. Mas me distanciando da minha experiência pessoal, concordo bastante com sua crítica, mas deixei a minha de lado ao ler. Concordo que a história da Bárbara poderia ter dado um outro livro (provavelmente melhor), pq essa história realmente ficou bem desencaixada do restante. 😘
Acho que a Bárbara foi uma tentativa de dobradinha como em 'A ridícula ideia', mas que aqui funcionou mal, ficou perdida e em alguns momentos até cringe, rs. A gente nunca sabe o que vai encontrar de nós nos livros né? Isso é muito mágico e assustador. Que bom que ele te trouxe contato com algo importante pra você e que isso tbm a tenha feito visitar um lugar de cura. Fiquei meio revoltada tb nessa parte sobre os bebês substitutos, sou uma filha arco-íris (que nasce após um aborto) & acho que as inferências dela foram muito duras pq ninguém substitui ninguém. Nem sei se ela é mãe, aí não quis entrar nesse buraco e inferir coisas sobre a vida dela, hehe. Obrigada por compartilhar suas impressões 😘
Ana, eu só fui ler porque o tema me intrigou (pela profissão) e porque uma amiga que odiou me deu o exemplar dela. O hype é real e ainda não entendi muito porquê... Tbm encontrei pontos decentes, mas preferi não dar holofotes pq é a menor parte do livro mesmo. Espero que seus romances saiam da gaveta e que vc encontre paz no seu processo. 🌸🌹♥️
Estou lendo e entendendo completamente seu desconforto, para dizer o mínimo. A linguagem que ela usa é de uma irresponsabilidade e banalização totais do sofrimento psíquico (maluco, doido, destrambelhado e por aí vai), além do ar de glória que ela imprime ao texto por ver "corretas" suas teorias anteriores sobre a relação criatividade-loucura (fonte? Não foi preciso). Também se vangloria de sofrer transtorno mental com uma alegria que não consigo compreender, pois, enfim, vc conhece um pouco da minha história e pode imaginar o quão terrível isso me soa. Ela me passa uma soberba e uma vaidade infinitas nesta obra, uma egotrip interminável, e uma língua ferina que explicitamente se alegra em falar mal de outras pessoas, o que me incomoda bastante. Ela não quer apontar fatos e compreender, quer julgar. Quer dar um ar de "conversinha fiada" à sua narrativa, e isso depois de declarar que não gosta de relatos autobiográficos, mas não parar de falar sobre si mesma!
Paula, sobre pessoas altamente sensíveis: você sugere que Rosa não indicou evidências científicas ou que as evidências científicas não existem? Pergunto porque levo a sério os estudos conduzidos pela Elaine Aron e, portanto, gostaria de saber se você enquanto psicóloga também.
Olha, essa foi a única referência que encontrei, mas ainda assim de um livro não científico (o Best seller dela). Não achei artigos científicos nem em inglês nem em português sobre esse 'diagnóstico'. Por isso afirmei sobre não ter evidência científica...
Paula, minha opinião sobre o livro está bem alinhada com a sua. Passei a leitura toda sentindo aquele desconforto de quando uma amiga faz um comentário absurdo e você fica sem jeito de dar um toque porque estamos numa roda com outras pessoas, sabe? Meio constrangedor. Foi meu primeiro contato com Rosa. De imediato já não me desceu o ponto de vista machista... em particular quando ela chega a quase defender o Ted Hughes porque "no fundo Sylvia Plath era meio chiliquenta". Continuei porque queria dar uma chance, acreditei que melhoraria. Ela parece se empenhar demaais para comprovar que não existe arte sem desgraçamento mental. Tudo isso para chegar na última parte e nos dizer que apesar de todos os agouros a vida é linda, e olha como ser artista pode ser legal e render histórias peculiares como a de Bárbara? A narrativa não se sustenta e é muito irresponsável. Tem partes legais, mas no geral me causou mais incômodo do que qualquer outra coisa :(
eu estava curiosa com o que vc teria a dizer sobre o livro e, na verdade, foi bem o que imaginei. eu escutei o audiolivro narrado pela rosa montero sabendo que, se fosse uma leitura olho-no-papel, também não conseguiria relevar muitos desses pontos que vc colocou no texto, principalmente o elo frágil entre loucura e criatividade que ela faz de uma forma tão superficial (e, sim, irresponsável)... todos os comentários dela sobre nanismo também quase me fizeram desistir do livro (é nesse que ela comenta sobre a cisma dela, né?).
É nesse e também no 'A louca da casa'. Anotei para escrever sobre isso, mas li e reli e não cheguei a conclusão se ela se refere ao seres mágicos da fantasia ou se a referência é as pessoas com nanismo. De qualquer modo, também me incomodou demais... Ela apresenta outros capacitismos bizarros, como na história da falsaria intérprete de língua de sinais.