Como começar um texto quando escrever não funciona? Há muitas semanas tento ensaiar o tema dessa news mas nada do que escrevi parecia servir. Nesse meio tempo da última edição pra cá, fiz coisa pra caramba e o mundo já girou diversas vezes, trazendo coisas boas e coisas horríveis. Pedi ajuda aos universitários e o Lisandro mandou uma mensagem na garrafa: apenas escreva, sem se preocupar tanto com o conteúdo. Então… Vamos ver o suco que eu espremo de tudo isso. Bora lá?
Queria aguardar o frisson das Olimpíadas passar um tiquinho, mas agora parece que esperei demais porque as novas notícias internacionais são avassaladoras. Ainda assim vale a pena voltar ao dia que acordei vendo as notícias da medalha de ouro da Rebeca Andrade, em que me percebi, mesmo com o mundo ruindo, novamente com os poros arrepiados e com o coração acelerado. Decidi receber esse frisson, acolher o arrepio, peloamordecristo, a vida é curta demais para tanta análise.
Desde o fenômeno da menina Rayssa Leal nas competições olímpicas meu coração já estava dando seus pulos, animada como há tempos não ficava, cogitei inclusive comprar um skate (quem não? ainda não desisti da ideia). Ver Rayssa em seu esplendor de adolescente brilhando, correndo, brincando e dançando, como eu precisava disso! O alvoroço que causou na internet deixa evidente que contagiou muita gente por aí também… Ver duas meninas como Rayssa e Rebeca ganharem o mundo curou parte das dores que sinto como brasileira hoje. Não durou muito em efusão, porém sigo com semente plantada na pequena, mas possível crença de um futuro menos duro para esse país.
Incentivar meninas em suas atividades e paixões é urgente e revolucionário. Sei que o rebuliço das competições deixa nossos ânimos exaltados e é exatamente por isso que deveríamos estar mais atentos dos porquês! Ganhar é bom, né? E ganhar pressupõe trabalho e investimento. Fazer qualquer coisa bem não é um ato natural, mesmo que se tenha habilidade ou interesse a apriori. Dia desses revirei minhas pastas e caixas de lembranças que guardo na casa dos meus pais. Uma série de cadernos, cartas, bilhetes e memorabilias randômicas que seguem por anos no fundo do armário, até o reencontro, como neste dia. Entre risadas e lágrimas contidas, percebi - mais uma vez - que o desejo da escrita cresce há muito nesses dedos que hoje teclam a newsletter. Um caderno de poesias muito ruins é um dos meus maiores tesouros e são incontáveis as vezes em que emprestei meus versos trágicos e apaixonados para cartas de amigas aos seus namoradinhos. Hoje mal consigo identificar sobre qual pessoa se tratava tanto sentimento profundo e triste, mas pouco importa: o registro do sentimento segue eternizado nas páginas já amareladas de algo que parece que foi ontem, mas foram há mais de vinte anos atrás.
Vinte anos depois estou aqui encarando o desafio de formar-me escritora, tomando cada passo com cuidado e bravura, pois com muita cautela não se sai do lugar. Escrevi o primeiro conto de ficção fantástica da vida e enviei para um edital da revista Eita!. Vou aguardar o resultado e caso não seja aprovada, o texto pode ser enviado em alguma newsletter do futuro. Meus apoiadores já sabiam dessa informação em primeira mão, se você quiser também colaborar com minhas empreitadas na escrita, a partir de cinco reais (isso, R$5!) você me ajuda a continuar nessa estrada. Em breve vai rolar um sorteio do livro "Cartas de uma pandemia" para apoiadores... Bem, já falei demais!
Um abraço e nos vemos na próxima edição,
paulamaria.