Oi pessoal!
Que news difícil de sair, que troço mais agarrado! Já comecei uns três textos e desisti de todos, parece que a escrita emperrou, ainda que os temas continuem sendo de meu interesse… Decidi olhar meu arquivo de textos antigos e não é que encontrei em 2015 uma paulamaria emperrada na escrita também? Compartilho ele a seguir, sem correções ou atualizações, respeitando minha eu do passado e suas idiossincrasias.
‘Há alguns dias tenho me sentido “stuck”. Tentei encontrar uma palavra em português para explicar mais claramente este sentimento, mas “estagnada” não parecia apropriado, tampouco “parada” seria o adjetivo mais descritivo. Não há nada que me prenda e me impeça de seguir em frente, mas, por outro lado, é como se houvesse uma coisa que me agarra e dificulta um pouco… Como quando fechamos a porta do carro e a ponta da camisa fica ali presa entre o carro e a porta, sabe?
Eu poderia enumerar as razões para esse sentimento. Eu poderia listar as ações necessárias para a mudança ou transformação deste sentimento. Em outros tempos, essa angústia do “stuck” seria muito produtiva e eu estaria curtindo uma super bad, mas numa boa melancolia, sem desespero, apenas deixando vir todo esse sentimento que afoga aos pouquinhos. Acontece que ser adulta é um pouco mais complicado que isso e ainda não atingi os nirvanas do desapego para entender que “this too shall pass”.
Todos os dias — ou quase todos — durmo pensando nas mil possibilidades da vida e em, ao mesmo tempo, nas limitações de tempo e espaço (ignorando dinheiro, que entra em quase todos os casos). A cabeça fervilha e tenho sonhos esquisitos, misturando a escola que fiz meu ensino fundamental com os tempos que passei na França terminando numa reprovação em matemática, mesmo estando graduada em ensino superior há cinco anos. O coração palpita o dia todo, às vezes inclusive, sinto que ele pára um pouco, como se estivesse cansado demais de tentar acompanhar o ritmo dos meus pensamentos.
Admito que a ansiedade que me afoga é a mesma que me impede de experimentar sensações. Tenho vontade de pular de parapente, mas fico esperando alguém ir comigo e dar um empurrãozinho. Tenho vontade de trabalhar com internet, mas fico procurando por desculpas em minhas inseguranças. Quero muito morar fora, mas prefiro babar nos blogs alheios que ter a coragem de aplicar para uma vaga e testemunhar por mim mesma a dor e a delícia de tomar uma decisão tão radical.
O que quero dizer aqui hoje é que é preciso construir uma bolha de ar em meio a esse mar de ansiedade que me cerca. Eu sei que ele hoje — nem tão cedo — vai diminuir, que a maré tá cheia e que não tá pra peixe. Mas poxa, eu mergulho de snorkel desde criança… É preciso flutuar e nadar...’
Os motivos pelos quais estou agarrada hoje já não são os mesmos de 2015 e acredito que aprendi a deixar meu pensamento livre dos batimentos cardíacos, respeitando que eles tem ritmos diferentes. Ainda não pulei de parapente e o sonho com a reprovação em Matemática tem rareado no hall onírico - a França continua meu cenário favorito, inclusive sonhei essa semana.
Estou me permitindo flutuar em decisões, nas mudanças por vir… Com mais paciência nos processos e menos pressa de viver tudo duma vez só. No fim das contas, a ansiedade não me engoliu. Espero que esse seja um lembrete para você saber que “this too shall pass”.
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Um abraço e até a próxima edição,
paulamaria