Faz uma semana que publiquei meu primeiro livro. E faz uma semana que tento preparar essa newsletter e não consigo. Abri o Scrivener, digitei o título e foi isso. O cursor de texto estava piscando no fundo escuro há sete dias. Quem vê cara, não vê coração. Quem vê ebook, não vê escritora estatelada de medo. Medo do que? Senta que lá vem história.
Nos últimos meses, sinto que produzi uma montanha de coisas, realmente comprometida com os processos de escrita e deixei fluir, vazar, transbordar. Diferentemente de outras épocas na vida, dessa vez me deixar embalar pela necessidade da escrita teve um ‘peso’ bem diferente. Senti que as letras iam se juntando formando as palavras que viraram frases que viraram parágrafos - assim por diante - e não me senti exausta ou exposta como antigamente. É um sinal de alerta do presente: hoje eu sou uma pessoa que viveu 35 anos. E é essa pessoa que escreve.
Botar no mundo esse tanto de caracteres já me deixou receosa em níveis que beiram o radicalismo. “Já não tem lixo virtual suficiente no mundo?”, pensei antes de começar essa newsletter no início de 2021. Imagino que muitas pessoas também pensem absurdos como esse para escapar da necessidade tão íntima e tão avassaladora da escrita. Digo que sim, é possível escapar dela - eu mesma fiquei mais de um ano sem escrever em meus cadernos e nem em redes sociais. Porém essa escapadela tem um preço besta e incômodo: você não se cura da necessidade de escrever. Ela volta e volta com fome, com desejo de devorar o que encontrar pela frente. E isso pode doer demais.
Os textos que compõem meu primeiro ebook foram confeccionados a partir de desafios diários do Mundial De Escrita que participei em junho de 2021. São textos autoficcionais que nascem como alimentos para essa fome que não passa. Depois de passada a maratona, cozinhei-os lentamente em fogo baixo, afim de trazer ao mundo apenas aquilo que fizesse sentido compartilhar. Diferente da Paula aos 20 anos de idade, nem tudo o que escrevo precisa sair pela porta de casa. Alguns escritos são só meus, outros, nem mesmo para mim. E alguns outros precisam ganhar o mundo. Porque a fome de leitura também anda por aí, em busca de palavras, caracteres, espaços.
Três mil todo dia é um pequeno copilado de partes de mim coladas com cola de ficção, costuradas à mão e editadas no computador - e no coração também. Foi escrito com ajuda incondicional de desconhecidos, de amigos virtuais e também por amigos de longa data. Está publicado na plataforma trilhardário que desprezo (Amazon), pois no momento era o melhor jeito para que isso acontecesse. Não é necessário ter o aparelho do kindle para ler, o aplicativo é gratuito e pode ser usado no celular, tablet e até no computador. Quem tem conta no Kindle Unlimited pode baixar gratuitamente, quem não usa, pode comprar por módicos R$7,79. Clique na imagem para ver o livro na loja da Amazon.
Comecei a escrever com medo e ele passou. Eu confio na minha rede. E isso faz com que eu continue.
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Obrigada a todos vocês que me leem por aqui. Esse livro também foi impulsionado por essa newsletter. <3
Um abraço e até a próxima,
paulamaria.