Olá você!
Estou sumida e confesso logo na primeira linha: eu só terminei esse texto que estava há semanas rascunhado porque levei puxão de orelha virtual lendo a Gaía e a Cristal. Então vamos lá, vamos de história (quem pega a referência é ligeiro!).
Mark Lanegan morreu. A notícia chegou como mentira aos meus olhos, assim como mês passado, dias antes do show que tanto aguardei, li sobre a morte de Elza Soares. Essas mortes de famosos, que apesar de não serem familiares ou amigues, igualmente me arrepiam a espinha, remexem o estômago e me deixam sem lugar. Não é como se a morte não fosse um tema corriqueiro na minha vida, veja bem, sou psicoterapeuta. Mas, voltimeia, ela me pega de jeito e preciso dar uma parada e encará-la nos olhos uns minutinhos.
Artistas morrem porque todo mundo morre. Um dia, de repente, puft. Acabou-se aquela corzinha no rosto, o blush natural que temos se esvai e o corpo enrijece e fica mais pesado e esquisito. Semana passada li de uma sentada só “O lugar” de Annie Ernaux, texto em que a autora apresenta o cenário de onde jaz seu pai, agora morto, mas que em tempos de outrora, construiu sua vida. Porque todo mundo morre um dia, e com quem se vai, vai também o cenário e as cenas que existiam com eles. Recomendo a leitura. Peguei a dica com a Tamy, vendo as suas leituras do começo de 2022.
Após terminar a leitura de Ernaux, digo para mim mesma que preciso parar de ler sobre a morte. Por que, como pode? Escolho um livro ~aleatório~ e a narrativa traz a dama de preto e foice em riste de volta! O que fazer se o destino inevitável da vida ronda minhas escolhas? Aprendi que o desejo se manifesta por linhas tortas (ou seria deus? Risos). Tento acolher o que o desejo me fala entre ficção e realidade. Entre o que fujo e o que acabo encontrando.
Volto ao Mark. Foi por outro motivo que trouxe ele aqui. Não foi pra falar de morte apenas. Desde criança, sempre quis ter uma turma. Um dos meus desenhos favoritos era ‘Get along gang’ ou a nossa turma ou gangue do barulho, já não me lembro da tradução. Eu queria muito uma tchurminha! E ao longo dos anos escolares passei por algumas, que anos mais tarde se atualizariam em grupos de whatsapp ou telegram. Voltando um pouco na evolução tecnológica das amizades, dia desses, precisei pesquisar algo no email e me deparei com correspondências do início dos anos 2010, onde uma tchuminha que participei brevemente, respondia a ‘todos’ confirmando presença no aniversário de alguém. Passei por essa turma mas nunca fui realmente dela. Aconteceu o mesmo com tantos outros espaços e grupos de pessoas que cuidei, amei, celebrei, briguei, lutei, ajudei. Passei. Já disse em outro momento que tenho dificuldades com términos mas que também aprendo muito com eles quando elaboro os fins.
Mas... E o que Mark Lanegan tem a ver com todo esse papo? No dia da sua morte, no grupo de mensagens instantâneas duma tchurminha do barulho, fui lembrada que eu e Mark já cruzamos nossos caminhos. Esse grupo tem um nome especial (como todos, dãããã) & esse nome especial foi escrito por Markinho num poster porque um dos meus amigos foi ao show e registrou esse momento por todos nós. Infelizmente, nunca poderei ouvir aquela voz maravilhosa ao vivo, - nem Elza, foi quase! :( - porém, fico feliz dos nossos caminhos terem se cruzado, através de um grupo que me faz pertencer. E que me lembra, cotidianamente, que antes de morrer, a gente fica no cenário, nas cenas e, principalmente, nas pessoas.
A sessão linkeria volta nessa news. Não sei até quando mantenho, mas bora!
Minha preferida do Mark aqui;
Nick Cave responde sobre Mark;
Minha favorita da Elza aqui;
Dia 14/03 sai um poema meu no Blog da Editora Margem;
Você sabia que tenho um site? Ele é bonitão e tem texto novo!
Por último, não menos importante: você pode me apoiar mensalmente a partir de UM REAL.
Um abraço e nos vemos na próxima (serei constante, serei constante - repete até virar!),
paulamaria.