Olá pessoal!
É 31 de dezembro e esse mês ainda não mandei texto. E hoje sendo o último dia do ano, me deu um misto de culpa com vontade de escrever, mas também confesso ter sentado em frente à tela em branco sem ideia do que dizer para vocês... Afinal de contas, a semana entre o natal e o ano novo é o maior limbo existencial do ano inteiro pra mim. Como é pra você aà do outro lado?
2021 chegou como um apêndice de 2020, principalmente até a esperança chamada vacina chegar em nossos bracinhos. De rostos conhecidos, passando por famosos e parentes, nos pais de amigos até chegar a minha própria vez. Não sei vocês, mas ali eu vivi meu verdadeiro ano novo. Ali se inaugurava uma nova fase depois de longuÃssimos meses no desespero, medo da morte e desânimo em ser brasileira no Brasil do bolonaro. Vacinar foi o rito de passagem que geralmente eu faria pulando sete ondas de mãos dadas com amigos e amores. De certa forma, a cada post com uma selfie mascarada - com olhos sorrindo de emoção - eu sentia a mesma sensação de pular as ondinhas. "Essa merda tá acabando, ainda que dure, tá acabando". E de alguma forma, acabou mesmo.Â
Não vou dizer que tudo ficou fácil e lindo após a vacina. Ainda vivemos muitas tristezas coletivas que por vezes parecem sem fim - meu coração partido com as enchentes que chegam por todos os lados. A diminuição do risco de vida que a vacinação trouxe permitiu coisas incrÃveis, como os reencontros presenciais, uma saudade que nem eu mesma conseguia dimensionar antes de reviver. Em setembro, voltei ao consultório após um ano e seis meses sem ver um paciente presencial, e estranhei ver alguém de novo sem a mediação de uma tela! É muito louco como o corpo se adapta para sobreviver. É muito louco conseguir sobreviver. Ainda me espanto. Todos os dias.
Foi em 2021 também que conquistei coisas incrÃveis, como a publicação do primeiro texto num livro e também na autopublicação de três mil todo dia. Não escrevo isso no intuito de entrar na trend egoÃsta e surreal das redes sociais, nas quais as pessoas apresentam tudo aquilo que "deu certo", escondendo todo o horror do cenário covÃdico. Me recuso à recusa da realidade, me recuso a entrar na moda negacionista, me recuso a viver uma positividade tóxica. Compartilhei minhas conquistas, comemorei, amorteci o coração cansado de bater ansioso e medroso. E continuo atenta e preocupada com o que nos rodeia, é também por isso que penso em como continuar e porque continuar.
A imagem acima é a arte que compus para o cartão de final de ano enviado para os participantes do teescrevocartas e para a galera do apoia.se. A palavra coragem me acompanha há bons anos e senti que compartilhá-la seria uma maneira de contagiar os destinarários com esse rastro de esperança que mora em mim. Guardei segredo dessa arte até que todos os cartões chegassem nos destinos, por isso ela aparece aqui só hoje. Termino essa última newsletter do ano desejando coragem, amor e saúde a todos vocês. Muito obrigada pela companhia durante esse ano, o primeiro da news. Continuem se cuidando e cuidando desse mundo incrÃvel e caótico que habitamos. Viver é passagem, então que a nossa seja possÃvel através do profundo respeito a tudo que nos cerca. Até 2022!
Um abraço apertado,
paulamaria.