Fermentação é coisa séria
A poesia das coisas é sempre ver o contraste e ao mesmo tempo a semelhança. (Luciana Florezano)
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Hoje não ia ter texto. Não preparei previamente, não deixei o texto descansar, não pedi revisão. Cheguei de viagem ontem a noite e ainda estou de férias. Pensei algumas vezes antes de finalmente sentar aqui e digitar essas palavras. Coloquei as muitas roupas sujas na máquina de lavar, arrumei a cama, tirei as roupas que estavam no varal e tomo meu café enquanto sem saber pra onde este texto vai, digito no ritmo dos dedos que titubeiam.
Tenho alguns rascunhos no bloco de notas do celular. Meu caderno de anotações só foi passear no planalto central - não risquei nem um asterisco. As ideias fermentam enquanto eu analiso se darei espaço a elas. Nessa semana que pareceu um mês, vivi coisas que não estavam no meu roteiro de habilidades. Vi paisagens que meus olhos não hão de esquecer, ainda que minha mente não me dê nenhuma garantia. Ainda quero escrever sobre Brasília e a Chapada dos Veadeiros, mas o tom dessa escrita não chegou. Às vezes penso que não serviria para jornalista porque os acontecimentos me pedem tempo de decantação. Escrever no susto é algo admirável, poderia ser esporte olímpico. Parabéns pra quem consegue.
Pra não dizer que fiquei totalmente desligada, postei um ou outro story no Instagram e teci um comentário pessoal sobre uma das leituras desses dias. Foram três livros na mochila e os três voltaram lidos. Descobri que consigo ler no carro sem enjoar e uma mini alegria fez morada na porta do estômago. A vida privada das árvores é o primeiro livro do Alejandro Zambra da minha estante. Comprei num dos “sebos” que o artista e professor Wolney Fernandes faz periodicamente em seu perfil, sempre com livros em ótimo estado e preços justos. Também li Riminhas para crianças grandes da polonesa Wisława Szymborska, na delicadíssima edição da Âyiné. Ganhei essa joia de aniversário e engoli na estrada voltando da Chapada para Brasília. No meio dessas duas leituras, os textos da
em seu Disso também me lembro, homônimo da sua newsletter e que foi para o feed do meu Instagram.Essas leituras trouxeram muitas anotações para o Google Keep e para meu grupo comigo mesma no Whatsapp, onde ficam meus pensamentos perdidos e inconclusivos. Quero ainda desdobrá-los em poesia, em newsletter, em vídeos. Acontece que eu ainda preciso descansar, a mente, os dedos e o corpo. Viajei de férias doente, porque o corpo entendeu que finalmente poderia sair da urgência e então me deu uma tosse infernal, que, adivinhem? Está em seus últimos dias agora que voltei para casa. Planejamento e controle são grandes ilusões e a gente ama uma boa decepção, não é mesmo?
Esse texto é um alô no meio do caminho. É mais para mim do que para vocês. Eu quero muito estar tranquila com o compromisso semanal da escrita e acredito que posso contar também com o descompromisso de um texto mais informal, sem objetivo claro, sem grandes ambições teóricas. Também disso é feita a jornada de quem escreve, desses intervalos para assentar e decantar, da espera da fermentação. Na semana que vem, veremos o que apareceu dessa vigília.
Drops:
O vídeo mais lindo da semana é com Lima Duarte falando de onde veio
Sábado que tem aula gratuita da
na SeivaEm agosto rola esse ciclo massa de oficinas, o Agosto de Papel
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Um abraço e até a próxima edição,
paulamaria.
eu gosto de exercitar essa escrita a quente, ainda sob a emoção do momento. tenho a impressão de que as palavras saem de forma mais genuína. depois, eu até reviso e edito, mas gosto da sensação do primeiro impacto, sem teorizar e racionalizar muito.
Informal é bom. Só um adicional: jornalistas são treinados pra escrever na hora. Eu detestava isso quando trabalhava em jornal diário. Tipo: ir a um show/peça de teatro/cabine de cinema e ter que escrever sobre aquela obra de arte no mesmo dia - ou no dia seguinte - ainda sem os recursos de Google que temos hoje. Era osso. Exigia coragem e muito conteúdo ou capacidade descritiva. O resumo? Escrever de bate e pronto é treino. Escrita é treino e repetição, né? Já disse que te amo hj? Te amo. Obrigada por essa cartinha.