Acredito que chegamos ao limite. Nem mais um dia suporto dividir a casa contigo. Tentei evitar, alertar aos vizinhos do perigo de alguém como você, torci o nariz até o final e fui voto vencido. Tentei ver o lado menos negativo da sua presença, segurei nas coisas boas que existiam antes da mudança. Mas, mesmo com esse jogo do contente, eu nunca mais tive um dia de paz desde que você chegou.
As mudanças pelo convívio foram pesadas: bandeiras do Brasil espalhadas, autorretratos enormes, fedor de perfume masculino pelos corredores, a mesa com migalhas de pão, o leite condensado aberto às moscas, copos de café abandonados e sujos… Dezenas de outras coisas, que, por falta de coragem, prefiro poupar no registro. Mas isso vai acabar!
Sem perspectiva de melhoras no convívio, a única saída é a sua saída. Vai dar trabalho escolher o próximo inquilino… Anunciar a vaga, aguardar os candidatos, fazer eleição. Mas precisa ser feito, não estou sozinha, muita gente tá comigo, puta da vida. Você resiste, diz que exagero… Eu grito: vou expulsar você daqui! Você não sabe com quem se meteu. Quando quero um barraco, não meço esforços. Tô pelas tamancas, restou pouco que importa e por elas te ponho no olho da rua. É na força do ódio. É a hora do bota-fora, da reintegração de posse. Aquele tipo de coisa que você adora fazer na terra dos outros… Chegou a sua vez!
esse post faz parte do desafio #literoutubro da newsletter Toranja. Falhei em muitos dias, escrever diariamente é um mega trampo. Já estamos no finalzinho do mês, mas você pode participar quando quiser. Acompanhe essa outra newsletter que escrevo com muito carinho junto com Lisandro Gaertner.
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Um abraço, boas eleições e nos vemos na próxima edição,
paulamaria.
te escutei e achei ótimo esse formato leitura!