E você pode até não gostar, mas a poesia importa. Então vamos pra carta de hoje?
Meus primeiros textos não foram em poesia. Quando comecei a escrever, ainda criança, sonhava em publicar um romance no estilo Sherlock Holmes, o que me intriga bastante já que eu nunca tinha lido nada do Doyle e até hoje sigo sem ter lido. Histórias investigativas me chamavam atenção, adorava o desenho infantil do Inspetor Buginganga e também programas de TV como Globo Repórter e Você Decide. A poesia chegou tempos depois, mas a memória não consegue me indicar exatamente quando. Chuto que depois da minha primeira década de vida os versos tenham começado a aparecer, tímidos e falando muito de amor, coisa difícil de entender quando me penso criança e sofrendo platonicamente - deve ser porque sou canceriana. Outra lembrança me aparece, foi também mais ou menos nessa época que decorei um poema pela primeira vez, “Memória”, de Carlos Drummond de Andrade.
Desde então, cresci interessada por poesia tanto a 'clássica' das antologias poéticas quanto a poesia espalhada pelo mundo, em músicas, rimas soltas, em meio a um romance... Quando adulta, descobri que a poesia é um gênero considerado ‘menor’ na literatura, quase como a ortopedia na medicina ou a estética na odontologia. Na psicologia, minha área de formação, também temos nosso exemplar de área menor, os recursos humanos, quase usurpado pelo pessoal da administração. Penso que o sentido de apequenar a poesia em detrimento de outras categorias de texto não é a tôa. Na literatura existem batalhas brigas sobre o que pode ou não pode em um texto, o que é ou não é um texto, isso sem citar as questões normativas gramaticais e ortográficas... Se a poesia estiver por fora da métrica e dos bons costumes literários, pode ser só uma tentativa cafona de algo que nunca será literatura. Lembro mais uma vez da época escolar, quando no ensino médio estudamos o Concretismo. Muitos colegas diziam que se fosse pra juntar palavras daquele jeito e considerar aquilo literatura, então qualquer um poderia ser poeta. Mas afinal de contas, a literatura não é pra todo mundo?
Foi também no ensino médio que eu me apaixonei de vez pelo gênero menor da literatura e considerei um vestibular para Letras - que ainda sonho em cursar um dia. Foi uma época conturbada do desenvolvimento pessoal (risos) e das poucas coisas que eu gostava de estudar eram as aulas de Literatura. Deixo aqui meu momento agradecimentos aos professores Scheize, Zé Carlos e Nilton. Um em cada cidade: Vila Velha, Salvador e Maceió. Um quebra-cabeças de referências. Nesse caminho não consigo dizer bem o que me levou das Letras pra Psicologia, mas fato é que a literatura e em especial a poesia continuaram a me acompanhar por toda a vida, como leitora e como escritora. Talvez exatamente por ser menor, a poesia sempre me coube. Se fosse grande, seria difícil demais e eu já teria desistido.
E por que eu disse lá em cima, que você pode até não gostar mas a poesia importa? Porque além desse texto que tem uma forma, métrica e ritmo, acredito que a poesia está espalhada em todos os cantos. A prática poética está na lente que olhamos para o mundo, nesses instantes que por vezes tentamos fotografar, filmar, capturar de algum jeito para que se eternize - e quase sempre é impossível. Viver de forma poética, contudo, não é viver de forma idealizada. Acredito numa poesia que se faça no cotidiano, recheada de tudo que ele traz, do tédio à glória, da euforia ao simplório. A poesia é meu caminho de auto-edição, é minha companheira no conhecimento dos meus abismos e dos meus segredos.
Pra finalizar o papo, venho com muita alegria, orgulho e também nervoso, anunciar a pré-venda do meu primeiro livro de poesias, através da Editora Pedregulho. É muita emoção ver esse livro tomando forma, não consigo nem falar tamanha a intensidade de coisas sinto nesse momento. Aproveito para o segundo momento agradecimentos a Marília Cafe, editora e escritora capixaba, que me deu muita força e suporte em quase um ano de conversas. Ser publicada por uma editora capixaba que privilegia a diversidade e autores iniciantes é um presente. Agora por último mesmo, é uma honra ser publicada também porque quero ser lida enquanto estou viva (ave, Hilda!). Para me ler, clica no desenho abaixo e segue pra loja da editora garantir o seu exemplar.
Poesia cantada por Elza e Luiz
Poesia nas asas da natureza
Poesia num agradecimento
Poesia na língua irmã
Poesia de vestir
Poesia de comer
Poesia da preferida
Poesia por Paulo
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Um abraço e até a próxima edição,
paulamaria.