Essa é uma edição especial, enviada toda segunda semana do mês. O convite é para pensarmos nestes verbos e você também está convidada a escrever sobre!
Caso anime, me envie ou marque na publicação.
Ler
Neste final de semana acontece a aguardada Festa do Livro da USP, com dezenas de editoras que oferecem livros a partir de 50% de desconto. Quem não consegue estar presencialmente, pode comprar on-line em muitas delas, mas atenção: os descontos podem variar. Fiz uma breve lista para você futucar e encontrar tesourinhos:
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Sobre leituras atuais, terminei nesta semana As luzes de dois cérebros anárquicos, livro de estreia de Ana Barros, uma das ganhadoras do Proac 2023. Publicado pelo Selo Paraquedas, é um romance que conta a história de Ângela, uma jovem que diante da morte da mãe e do reencontro com a avó, revê suas escolhas de vida. Temas como a doença de Alzheimer, cristandade e autoimagem são presentes na narrativa. É interessante ler histórias de nosso tempo, com a linguagem e com referências daquilo que está também interferindo a nossa subjetividade. Como falei a Ana, seu romance é bem escrito e coeso, além de corajoso. Para adquirir, fale diretamente com a autora.
Em seguida, comecei a ler A peste: viver a morte em nosso tempo, de Jacqueline Rose. A partir de conceitos de Sigmund Freud, Simone Weil e Albert Camus, a autora desenha um panorama de como encaramos a questão da morte no pós pandemia da covid-19. O livro é lançamento da Editora Fósforo e o recebi através de nossa parceria. Abaixo, o texto divulgado sobre a obra:
<Marcado pela pandemia de covid-19 e a invasão russa à Ucrânia, o início da década de 2020 exacerbou as discussões sobre o valor da vida humana. Entre os extremos das correntes de solidariedade e da exibição de diferenças sociais, o mundo teve a chance de se olhar no espelho e perguntar: quais vidas importam?
Foi a partir de questionamentos como esse, potencializados pelo acompanhamento diário da tragédia durante o lockdown, que a psicanalista e crítica inglesa Jacqueline Rose lançou-se neste poderoso ensaio sobre a morte em nossos tempos. Para tanto, ela buscou respostas nas obras de intelectuais que se propuseram questões semelhantes em seu tempo: Albert Camus, Sigmund Freud e Simone Weil.
A autora começa seu percurso pelo romance homônimo de Camus, em que a população de uma cidade da Argélia, então colônia francesa, se vê às voltas com uma epidemia devastadora. Novamente best-seller em razão dos danos causados pelo coronavírus, o livro de Camus desnuda o modo como os homens lidam com o desastre: recorrendo à negação, ou defesa, parte intrínseca do mecanismo da mente.
A fina trama do ensaio segue com o exame de escritos e cartas de Freud, que no fim dos anos 1910 recebera seu quinhão de desastres ao viver a Primeira Guerra Mundial e perder uma filha para a gripe espanhola — fato que, especula a autora, teria contribuído enormemente para que ele chegasse ao conceito de “pulsão de morte”, central na teoria psicanalítica.
Já a filósofa política Simone Weil, às vésperas da Segunda Guerra, dedica-se a pensar a justiça e a violência, vendo, por exemplo, na sinistra idolatria que acometia a Alemanha nazista nos anos 1930, um espelho revelador da face da própria Europa — inclusive da França, com sua prepotência colonial.
Qual a face do mundo atual? Rose chama a atenção para a desigualdade entre os mais atingidos nestes últimos tempos — despossuídos, mulheres trancadas em casa com homens violentos, negros vítimas da polícia — e os super-ricos, cada vez mais ricos à custa da exploração da mão de obra e dos recursos do planeta. Mas, ao mesmo tempo, enxerga na explicitação dessas diferenças uma semente que traz imensa oportunidade de transformação. Algo praticamente obrigatório se considerarmos a próxima peste a nos espreitar — a das mudanças climáticas. >
Escrever
Aproveito o gancho do livro da Ana Barros, que ganhou o Proac, para informar que, apesar de uma ótima nota, não fui aprovada no mesmo edital deste ano. Organizar um projeto dessa magnitude, em grande parte sozinha, foi bem desafiador. Seguirei escrevendo este que será (um dia) meu primeiro livro em prosa, projeto que comecei há cerca de quatro anos, exatamente no mês de novembro, quando descobri o Nanowrimo. Explico: todo ano, em novembro, este site oferece uma plataforma gratuita para organização de um projeto longo de escrita. Literamente, podemos traduzir a sigla que de NAtional NOvel WRIting MOnth para Mês Nacional de Escrever Novela. A proposta desenhada por eles é de que você escreva 50 mil palavras por dia e ao final terá em média, 130 páginas. Sim, é desafiador. Não, não consegui chegar até o final.
Tentei o Nanowrimo por dois anos e segui trabalhando os rascunhos em oficinas e também sozinha. Muita coisa fica de lado, mas o interessante do compromisso de escrever tanto por dia é que no meio de excessos, você encontra o cerne da sua escrita. A ideia principal, as palavras que você mais gosta, seu estilo de escrita: tudo aparece ali. Só precisa… Escrever. Foi por causa dele que tive material para organizar a proposta do edital, que também pede um tanto de burocracias. Percebi ainda que escrever a newsletter (essa é a edição n. 42 desse ano!), os trabalhos da faculdade e até mesmo os posts de rede social me deram jogo de cintura para juntar tanta coisa em pouco tempo. O edital, entre sua publicação e o prazo de inscrição, dura menos de um mês. É dureza, é corrido, mas senti que valeu a pena.
Dito isso, me sinto vitoriosa. Sei que este livro, gestado há tanto tempo, tem um corpo consistente, tem força e pede para continuar a ser escrito. O Nanowrimo não será possível este ano pra mim, mas deixo esta dica caso você esteja precisando de um empurrãozinho. Comece, hoje!
Se mexer
Falta menos de um mês para minha primeira prova de corrida com 10 quilômetros. Chove em São Paulo e isso atrapalha meus treinos. Estou cansada, está chegando o final do semestre e com ele, muitas provas e trabalhos. É quase final de ano, as decorações de natal já estão pela cidade e tem panetone no supermercado (sou time panetone). Sonho com os dias na casa de meus pais, com o sol, com a praia, com os cafés com minhas tias, mãe, irmã e primas. Mas falta um tanto… E ao mesmo tempo, falta pouco.
Estou acelerada, tomei café demais. Escrevi mil e tantas palavras a essa altura do texto, em mais ou menos uma hora sentada à escrivaninha. Não pude correr porque chove. Então eu escrevo. Acumulo tarefas como as listas de exercício de Latim, que têm me feito achar que não sei nada, que as aulas passaram por mim como vento. Minhas pernas doem da academia, parece um ciclos sem fim, não consigo acostumar e quero parar. Tudo.
Daí que lembrei como queria escrever essa parte do texto. Anotei durante a semana, uma frase: honra ao mérito. Lembra daquelas medalhas que eram distribuídas na escola nos jogos internos? Eu não tenho, nenhuminha. Na aula de educação física, eu sempre ficava por último, nunca era escolhida para os times de handebol ou mesmo de queimada. Foram oito anos ficando por último no Ensino Fundamental, então no Ensino Médio eu aprendi o truque-triunfo-das-meninas-rejeitadas: professora, tô com cólica. Batata. Ficava no banco olhando as outras meninas correrem, pularem, marcarem gols: atléticas, fortes, magras, gostosas. Ficava olhando e pensando que nada daquilo era pra mim. E durante muito tempo, realmente não foi.
Mesmo em família não sentia que podia ser atlética ou forte. Fui uma criança asmática, rinítica, medrosa. Tinha medo de me machucar, medo de não conseguir e rirem de mim. Até apanhei de uma professora de educação física, numa aula de basquete que não consegui fazer os passos para o balão da cesta. Eu e Estela, outra que ficava sempre pra trás, as duas ali, humilhadas aos gritos da professora, que perdeu a paciência e bateu na minha perna para indicar qual era a <correta> a ser levantada no pulo. Sem medalhas, com tapa, com asma. Qual era meu mérito? Nenhum.
Então eu cresci e procurei minhas atividades. Gosto de dançar, então comecei pela dança, a do ventre. Também nessa época, descobri a yoga, que segue comigo há vinte anos. Depois vieram as caminhadas à beira mar, seguidas pela tentativa de corrida, depois com êxito na corrida: sozinha, sem aparatos ou treinos formais. Da corrida, anos depois tentei novamente a natação. E o resto é história. Faz um ano que retomei correr com disciplina e desde lá são cinco provas de rua, sendo o maior percurso de 7.5km, no mês passado. Chegarei aos dez numa corrida só para mulheres, o que me faz pensar em tanta, tanta coisa. Inclusive na professora que bateu na minha coxa. Mas… Calma. Isso não é uma história de superação, deusmelivre romantizar violência. Queria ter crescido sabendo que era forte, honrada e capaz. Não deu. Agora que sei, posso fazer minhas inscrições, cumprir as corridas e ganhar as medalhas - além de banana e brindes. Eu corro para não esquecer que <posso correr>.
Drops:
Para participar do Nanowrimo, o site oficial
Mulheres, corram comigo a Venus? Tem cinco km também!
O Literoutubro terminou e foi uma delícia. Na última edição da
você tem um gostinho de como rolou. Em breve, mais textos da maratonaEm novembro, a Escrevedeira, parceira dessa newsletter, está recheada de cursos incríveis. Autoras como Verônica Stigger, Luciany Aparecida, Julia Dantas, Marcela Dantés e Monique Malcher fazem parte da longa lista de opções. Use o cupom TESCREVO10, você tem desconto em todo o site!
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um abraço e até a próxima edição,
paulamaria.
Eu também fiz dança do ventre! ❤️
No ensino fundamental meu professor de Educação Física tinha uns projetos legais, trazia umas brincadeiras diferentes, NUNCA teve esse negócio de "escolher time"... mas eu não gostava de EF e era pivete e no meu último ano ele perdeu a linha comigo e falou coisas tipo "você nunca vai conquistar seus sonhos e vai fracasasr na vida" etc. E eu fico pensando... sim, eu fui pivete, se eu adulta me encontrasse eu provavelmente me dava uns belos tapas... mas ele era PROFESSOR. Ele ESCOLHEU trabalhar com criança e tinha o dever de ser "o adulto da relação". E eu acho que eu sei porque era tão pivete com ele: porque a matéria dele era a única que eu não tinha destaque. Eu era a última da turma, mesmo não tendo competições, eu notava quando ele media as nossas velocidades de corrida ou as distâncias de pulo, eu não fazia gols, eu não conseguia eliminar ninguém na queimada. Em todas as matérias de usar a cabeça eu era excelente, na de usar o corpo não. Se ele soubesse ensinar, podia ter dito isso para as diretoras, para a minha mãe: "sua filha gosta de ser o centro das atenções, e quando não consegue ser ela faz birra", podia ter dito isso quando eu tinha tipo 9 anos. Mas não, ficou aturando durante o meu ensino fundametnal inteiro pra estourar no 9º ano. No ensino médio eu não tive esses conflitos porque o professor simplesmente não forçava ninguém a participar.